Declínio da influência inglesa e presença da norte-americana

1º) Durante o século 19, a Grã-Bretanha exerceu papel hegemônico sobre a economia brasileira. Na República, já no período anterior à Primeira Guerra, os empréstimos passaram a vir, também, da França e dos Estados Unidos.

2º) Na fase final da Primeira República, o sistema econômico brasileiro apresentava-se ainda extremamente especializado. No período de 1924 a 1929, o café representou 72,5% das exportações nacionais. A inserção da economia brasileira no capitalismo mundial dava-se, pois, pela:

  • exportação desse produto (café), principalmente;
  • pela importação de manufaturados e alimentos
  • pelo recebimento de capitais destinados ao pagamento do serviço da dívida externa
  • às obras de infraestrutura
  • financiamento das safras para atender à política de valorização do café

3º) Os demais produtos primários exportáveis do Brasil – borracha, algodão e açucar, nomeadamente – tiveram dificuldades para se expandir nos quadros do capitalismo monopolista e da luta inter-imperialista.

4º) O algodão brasileiro, que conheceu sua época de glória durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, perdeu seu mercado não só pela retomada da produção norte-americana, mas também em razão das plantações desenvolvidas pelos alemães e ingleses nas suas respectivas colônias. A produção brasileira ficou voltada, sobretudo, para as industrias têxteis nacionais.

5º) A borracha, igualmente, sofreu a concorrência pelas plantações situadas no Império Britânico. A produção nacional, extrativa aliás, não seria suficiente para atender a demanda mundial.

6º) O açúcar brasileiro, de igual modo, não teve como enfrentar a concorrência da Jamaica, Cuba, Porto Rico e Filipinas, que recebiam esse produto com tarifas alfandegárias diferenciadas. Na Europa, o açúcar de beterraba foi sério concorrente do açúcar nacional.

7º) O triunfo do café sobre as demais exportações decorreu também do aumento da população e da popularização do seu consumo tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, o que levou, obviamente, a um crescente aumento de sua demanda. Exportar um produto de procura crescente do qual era praticamente o único produtor mundial, em vez de disputar mercado de outros produtos tropicais, apresentou-se ao Brasil como solução natural.

8º) Os Estados Unidos eram o maior consumidor mundial de café e sua economia estava em fase de expansão para além de suas fronteiras, em busca de mercado para as exportações e para os capitais. Tais fatores acentuaram entre os dois maiores países do continente uma duradoura complementariedade econômica.

9º) O intercambio comercial do Brasil com os Estados Unidos foi sempre crescente na época considerada. No período de entreguerras, aquelas passaram a ser também o nosso principal vendedor, suplantando a Grã-Bretanha.

 

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